Fui a última a chegar e à
primeira vista só conhecia o Virgílio Gomes. Uma mesa grande, com nove pessoas sentadas. Mal é servido o primeiro prato, à minha volta, desata tudo a fotografar (com flash) e a tentar saber os enormes nomes dos pratos. Horas, eu ali, pronta para desfrutar, à espera! Nunca tinha visto nada assim. Não se preocupem que eu também lá estava e a fotografar (sem flash) e a tirar notas: "este feijão é de quê?" "que é esta espuma?" "é feijoada de caracóis" "tinha salsa, viste a salsa?". "ó Isabel, tu fazes uns ângulos fantásticos!" Foi então que decidi degustar em vez de apontar os nomes ou dissecar as técnicas. Eu estava ali para celebrar.
Afinal conhecia a Isabel, foi no primeiro festival TODOS em 2009, aqui na Mouraria, num workshop de cozinha indiana. Na altura, o seu blog Cinco Quartos de Laranja já tinha imenso sucesso. É bom acompanhar a evolução da Isabel e o espaço que entretanto conquistou, mercê do seu afincado trabalho. E a Maria de Fátima Moura, conheci-a há anos, na altura preparava ela um livro, com o Aimé Barroyer, mas nem sabia que o livro O Melhor Peixe do Mundo era da sua autoria... Foi ela que me enviou os nomes das receitas deste jantar. Obrigada Fátima, pela papinha feita.
Este jantar foi muito HENRIQUEcedor. Conheci um mundo novo. Todos bloggers, excepto o Virgílio Gomes que tem um site e um dos senhores dos vinhos, João Quintela, que estava ali como ele próprio. Graças a todos eles fiquei mais rica em saber. Por exemplo, o prato de legumes que para mim foi o auge do jantar, é um daqueles pratos que me vai ficar gravado na memória para sempre. Não é tão simples como à primeira vista parece e aqui está tudo muito bem explicado. E para que não fique ninguém esquecido, eis outra visão do jantar.
À falta do Vicente Themudo de Castro, o Virgílio Gomes foi o centro das atenções ou não tivesse ele o dom da palavra. A conversa ia de Saint-Germain-des-Prés ao porco preto: — "Porco alentejano. Preto é cor, não é raça!" "Os portugueses gostam de ser enganados, não há plumas que cheguem!" "No prato do dia a 5 euros?"
Pelos vistos o assunto da alheira de bacalhau já passou à história. Mas a luta pela inutilidade da faca de peixe continua.....
"Eu não escrevo crítica, mas tenho uma língua desgraçada!"
Todos falavam entre si e às tantas senti-me uma carta fora do baralho. E pelos vistos era... Este senhor dos vinhos, com quem tanto simpatizei, nem deu por mim no jantar, caso contrário o estado da cozinha portuguesa teria aparecido na sua lista dos presentes! Lá fiquei excluida da memória do futuro.
"Ai, esqueci-me de fotografar!" "Lá está ela a ganhar vantagem sobre mim!" Virgílio Gomes dixit.
A boa cozinha faz um restaurante, mas isso não chega. Vejo a casa cheia e a forma afável como os clientes, na maioria jovens, são tratados. Estão felizes, sentem-se em casa.
Henrique Mouro, sinto-me uma privilegiada
por me teres convidado para este jantar. Não ficámos na tua mesa (do
Chef) por força das circunstâncias e, por razões de saúde, estive
quase quase, para não estar presente. Mas a tua cozinha poética e deliciosa, mais o tinto Quinta dos Murças, curaram-me de imediato. Ofereço-te este retrato da forma como vi e
vivi este momento.
Para o teu álbum de recordações.
1 comentário:
Mais vale tarde do que nunca. Só agora e por mero acaso, li o que escreveu sobre o jantar do 2º aniversário do Assinatura. Em boa verdade, não me apercebi que estava ali na qualidade de bloguista. As minhas desculpas e irei reparar a minha gafe.
F.Barão da Cunha
enófilo militante
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